Queridos amigos,
Desejo a todos um Natal abençoado.
P.S: Meu Vítor, meu eterno presente. Obrigada por mais um ano juntos.
quarta-feira, dezembro 22, 2010
Feliz Natal Tropical :)
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segunda-feira, dezembro 13, 2010
As pupilas de Mona Lisa
Antes era o sorriso, agora, descobriu-se que dentro das pupilas de Mona Lisa está o segredo que revela a modelo que posou para Da Vinci. Bem, essa é a mais recente descoberta do investigador (in-ves-ti-ga-dor?) italiano, Silvano Vinceti.
Isso é ótima matéria para livro de ficção, o novo filme baseado na mente engenhosa do Dan Brown, uma aventura de jogos interativos, quem sabe...
Por que a Mona Lisa não pode simplesmente ser Mona Lisa? Acho que isto responde tão melhor aos anseios do pintor da tela.
Claro que toda obra de arte propõe uma leitura hegemônica que a situe no tempo e no espaço, além de comunicar sua gênese e seu “dever ser” no mundo mas, e as outras leituras, que são a grande delícia de um artista? Aquelas leituras subliminares, oníricas, típicas da fruição, do deleite artístico?
O discurso da pós-modernidade necessita de uma explicação para tudo, porque tudo tem que obedecer a uma lógica racional. Os parnasianos estão de volta e ninguém se deu conta. O fragmentário pós-moderno não respeita a ideia da pluralidade e da diversidade de vozes, naquilo que tem de mais belo e forte e, que Bakhtin chamou de polifonia.
Relativizar demais nos leva a descaminhos, uma vez que tudo pode ser nada e nada pode ser tudo. Eu, aqui no meu cantinho, penso que a Arte demanda outro tipo de racionalidade. Mais importante do que saber quais as letras ocultas nas pupilas da Mona Lisa é saber o que as pupilas da Mona Lisa comunicam.
Leonardo gostava de utilizar símbolos e códigos para transmitir mensagens, e queria que descobríssemos a identidade da modelo através de seus olhos".
Será que ele realmente queria isso? Se Da Vinci quisesse que descobríssemos algo, ele teria deixado tudo muito claro – uma cartografia da imagem, talvez.
Da Vinci usou sua arte para instigar nossa imaginação, nossa capacidade de imergir nos terrenos movediços da criação, nossa curiosidade. Mas nossa sociedade tipicamente Big Brother exacerbou o significado de curiosidade.
Quem faz uso de códigos, palimpsestos, anagramas, palíndromos e toda sorte de leitura transversal me parece ser afeito aos mistérios, aos meandros do submerso.
Todo código quer comunicar algo que não pode ser dito claramente, ele demanda iniciação... talvez o código queira só ser código.
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sexta-feira, novembro 05, 2010
À quoi ça sert l'amour?
É fofo, criativo e muito divertido... a voz? É dela: Piaf!
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segunda-feira, outubro 18, 2010
Em conflito permanente com a sua arte, Tolstói nos mostra como o nexo inevitável entre literatura e vida social pode se transformar numa vantagem artística
Rubens Figueiredo
Nos 60 anos que vão do início da década de 1850 até 1910, data de sua morte, Liev Tolstói sempre escreveu contos e romances. Ao contrário do que se repete tantas vezes, Tolstói jamais parou de escrever ficção e, ao morrer, deixou inéditas ou em andamento obras-primas como Hadji-Murat ou Padre Sérgio. O mal-entendido resulta, em grande parte, das objeções que o próprio Tolstói, desde jovem, levantou contra a atividade e contra o papel de um escritor no quadro da sociedade russa e do mundo moderno em geral.
Se Tolstói nunca fez segredo do seu desconforto no convívio com escritores nem do seu mal-estar por ser autor de romances e contos, suas críticas só se tornaram mais veementes e mais elaboradas a partir do romance Anna Kariênina. Ao redigí-lo (na década de 1870), Tolstói chegou a declarar numa carta: “Nosso ofício é horrível. Escrever corrompe a alma”. E daí para frente, construiu uma verdadeira rede de questionamentos dirigidos não só contra a literatura, mas contra a arte ocidental, em particular, mais tarde reunidos no livro O que é arte?
Drasticamente censurado pelo governo czarista e tratado, ainda hoje, com desdém ou perplexidade, esse livro, no entanto, contém hipóteses que merecem mais atenção. Sobretudo quando Tolstói põe em dúvida a reivindicação, tão cara ao século 20, de uma autonomia para a arte e quando expõe suas desconfianças sobre o significado de tal pretensão. E também quando mostra, como que pelos bastidores das obras, que ao tentar se esquivar de seus efeitos formadores e em última instância educadores, a arte abre espaço para a manipulação e o autoritarismo, com um caráter de classe. A rigor, Tolstói acusa a arte de servir como legitimadora das desigualdades sociais, reforçar as distinções de classe e realimentar o mecanismo que reproduz as estruturas da sociedade.
Com isso em mente, podemos entender melhor, por exemplo, a marcante tendência antiartística presente na prosa de Tolstói desde os seus primeiros textos. Os Contos de Sebastópol, por exemplo, escritos na década de 1850, recapitulam episódios da árdua campanha militar russa na Criméia e no Cáucaso, da qual Tolstói participou como oficial. Sem respeitar fronteiras ou hierarquias, esses três contos já misturam ficção, memória, reportagem, etnografia, polêmica e relato de viagem, numa prosa que tende a ser despojada de requintes poéticos e até bruta, na sua objetividade. “Nunca vi lábios cor de coral, mas vejo lábios da cor de tijolo”, diz numa anotação, feita à margem de seus rascunhos de Infância, livro de memórias escrito pouco antes.
Em Contos de Sebastópol, a exemplo de obras posteriores, Tolstói mergulha o leitor num ambiente onde estão concentradas e em conflito convenções retóricas diversas. Pois os contos querem ser lidos ora como ficção, ora como etnografia, ora como narrativa de viagem, ora como polêmica política. Em suma, desde o início de sua carreira, Tolstói recusa, tanto para o autor como para o leitor, o privilégio e os prazeres da posição de um observador desinteressado, prazeres supostamente reservados à arte. Em troca, lança sobre o autor e o leitor todo o peso da responsabilidade daquilo que está sendo representado. A fim de minar a autonomia e o distanciamento artístico, sua tática é a de uma arte que é e não é arte, uma literatura que é e não é literatura.
Portanto, dizer que Tolstói abandonou a literatura parece uma forma de esquivar-se da consistente crítica que ele formulou ao papel histórico da arte, em geral. Da mesma forma, à luz das circunstâncias históricas, retratá-lo como um doutrinador religioso parece um expediente destinado a neutralizar a potência da sua crítica ao mundo moderno. Na verdade, não se pode fazer justiça a Tolstói, nem aos escritores russos em geral, sem uma ideia da posição da Rússia no mundo, naquela época.
O trauma da modernização
A introdução de modos de vida capitalistas e europeus na Rússia foi especialmente traumática. Trata-se de uma sociedade que tinha presentes formas de vida próprias, de feição e conteúdo orientais e medievais, e que precisava modernizar-se aos saltos, e não gradualmente, como haviam feito os países ocidentais dominantes, seus modelos. O choque foi ainda maior porque a Rússia era um país orgulhoso de suas tradições, provido de uma religião própria e de formas muito peculiares de organização social. Se a isso acrescentarmos as ambições imperiais dos czares que, a partir do século 17, levaram a Rússia a expandir as fronteiras e russificar populações vizinhas, podemos ter uma ideia da intensidade do conflito vivido por aquela sociedade, ao sentir-se em posição de inferioridade em face dos países ocidentais dominantes.
Em contrapartida, a consciência de que era preciso transformar a fundo a sociedade russa gerou um debate intelectual de uma riqueza e de um vigor talvez sem paralelo. Trata-se do confronto entre os projetos da modernidade liberal e de modernidades alternativas (como o historiador Daniel Aarão Reis bem definiu a situação). Em virtude da censura, mas também de fatores culturais mais profundos, os canais de expressão desse debate não eram os mesmos dos países ocidentais e incluíam, com grande peso, a literatura e a teologia.
Longe de se limitar às palavras, tal debate, em regra, desaguava numa militância ferrenha, da qual os escritores participavam, sem dissociá-la de cada uma de suas escolhas estéticas. Por outro lado, nesse debate, as linguagens artística e a religiosa contêm muito mais do que aquilo que as sociedades ocidentais estavam habituadas a atribuir a elas. Tais linguagens, na Rússia, não eram um mero disfarce, tampouco uma metáfora, mas sim um veículo poderoso em si mesmo. Pois permitiam pôr em questão os pressupostos não só do discurso da ciência dos países dominantes − sentida como ponta de lança da sua dominação −, como também dessas mesmas linguagens, em seu modelo ocidental.
Tolstói, portanto, foi um dos expoentes desse debate nacional e sua literatura, assim como suas polêmicas, não podem ser bem entendidas na ausência desse componente. Da mesma forma que pôs em questão a arte estabelecida, Tolstói foi um crítico ferino da religião institucional. O rito ortodoxo é duramente desmistificado no romance Ressurreição (de 1899), por via da técnica do estranhamento (da qual Tolstói foi o mestre, segundo o teórico russo Chklóvski). Mas já em Guerra e paz e Anna Kariênina, romances anteriores, Tolstói se mostrou implacável com a piedade e a caridade religiosas das classes privilegiadas e com seus modismos religiosos.
Por outro lado, as últimas páginas de Ressurreição dão prova de uma desenvoltura nada cerimoniosa com os dogmas, ao emendar livremente as palavras de Cristo, no Evangelho. De resto, será muito difícil encontrar algum teor sobrenatural, milagroso ou criador na forma como Tolstói emprega a palavra “Deus” (a qual, aliás, está longe de ser frequente). Por último, vale a pena sublinhar que Górki, em geral um observador muito agudo, deixou registrada, em suas lúcidas memórias sobre Tolstói, a impressão de que estava diante de um ateu.
A ficção como experiência de pensamento
De todo modo, o que importa é que literatura e religião, no caso de Tolstói − como em muitos escritores russos −, são linguagens apontadas para uma intervenção concreta nas formas de vida presentes. E os três grandes romances de Tolstói denotam a agudeza crescente da sua visão crítica. Guerra e paz tende a mostrar uma imagem menos questionadora da nobreza russa: em face do inimigo externo − as tropas de Napoleão −, as diferenças internas ficam um pouco na sombra.
Por outro lado, os expedientes mentais usados pelos países dominantes para justificar sua agressão e sua superioridade, em relação aos russos, são postos em relevo. Anna Kariênina já examina uma sociedade em crise − conjugal, familiar, cultural e social. As classes populares aparecem como uma brecha, uma janela: ou uma fonte de ar puro e renovador para o herói nobre, ou um índice do conflito social subjacente. Já em Ressurreição, o conflito é aberto, declarado e frontal. O romance trata do mundo prisional e judiciário, no qual as classes populares são segregadas e eliminadas, sob a bênção do discurso racional e humanista da justiça, da lei e do progresso.
Todavia, seria enganoso supor um fio de progressão contínua que uniria os três grandes romances. Em Guerra e paz, há mais do que simples prenúncios de tudo aquilo que virá em Ressurreição. Observando em retrospecto, percebe-se que as mesmas questões se apresentavam a Tolstói desde o início e, no máximo, pode-se dizer que as suas hesitações diminuíram com o correr dos anos.
Mesmo no aspecto da linguagem, as inquietações do escritor levaram-no, por exemplo, a escrever, quase ao mesmo tempo, obras tão díspares como o conto O prisioneiro do Cáucaso e o romance Anna Kariênina. No conto, Tolstói experimenta uma prosa de fortíssima concisão e simplicidade, com marcante predominância do período simples e sem nenhuma digressão. Um estilo elaborado a custo e com rigor, à luz das narrativas orais populares e dos textos destinados à alfabetização de crianças camponesas − textos que o próprio Tolstói criava, junto com seus pequenos alunos. Em contraste, no romance Anna Kariênina, o autor lança mão de uma frase de arquitetura complexa, longa, desdobrada em ramificações sintáticas de grande fôlego. Qual dos dois escritores é Tolstói?
Tudo indica que Tolstói − a quem tantos acusam de doutrinário − não tinha resposta pronta e fixa para as questões que ele mesmo formulava. Em troca, não se cansava de se impor problemas, nem de arriscar respostas fortes. Em boa parte, seus romances e contos constituem experiências de pensamento, testes e hipóteses, experimentos para os quais convoca os seus leitores. As constantes hesitações e dúvidas de seus personagens dão um bom testemunho desse processo.
Isso faz mais sentido ainda se pensarmos que, num célebre comentário a Guerra e paz, Tolstói afirmou que todos os livros russos relevantes se desviavam dos modelos literários europeus.
Ou seja, os problemas estavam postos, à frente de todos, mas a forma de pensar sobre eles tendia a vir pronta dos países dominantes, não só nos modelos da arte, mas também nos modelos do próprio pensamento social. A resistência de Tolstói à arte literária caminha em paralelo à hipótese de que narrar compreende a possibilidade de criar formas específicas de pensar e de conhecer. É bem possível que por isso ele nunca tenha sido capaz de abandonar a literatura, a despeito das suas repetidas e sinceras objeções e queixas contra a arte.
Hoje, quando a literatura carece tanto de encontrar o seu caminho e de renovar o seu papel crítico no mundo contemporâneo, pode ser de grande ajuda reexaminar com olhos menos arrogantes todo o pensamento e o rico percurso de Tolstói.
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Séries: resenha literária
As matriarcas (12)
- Olívia! Oliiiiiívia!
Apenas uma coisa era mais divertida do que os longos passeios de bicicleta com a turma: o quintal da casa de vovó Totonha. Lá, eu não via o tempo passar. Perdia-me por aquela imensidade de terra, flores, frutas e animais. Vovó "me deu" um pedaço dele para fazer o que quisesse, então, eu decidi fazer uma horta.
Como eu gostava de plantar coentro e manjericão! Elas tinham aquele aroma inconfundível de coisas frescas, dos molhos deliciosos que tia Margarida fazia e das tais garrafadas que ela preparava com um poder curativo conhecido por todos na cidade. Lembro de sempre ter fila no portão de vovó Totonha:
- "Margarida, mulher, o que é que você tem aí para constirpação?"
- "Margarida, o que é bom para estancar hemorragia?"
Eu ficava hipnotizada ao ver tia Guidinha debruçada sobre tachos e panelas gigantes ou então pilando as ervas ressecadas.
Pela manhã, acompanhava vovó ao galinheiro. Eu segurava a cesta de vime enquanto ela recolhia os ovos entre estridentes cacarejos.
Gostava de ficar horas pendurada nas jabuticabeiras. Comia até sentir náusea ou ter dor de barriga. Tia Guidinha precisava me enxotar dos galhos. Ela dizia-me que se continuasse comendo as jabuticas com tanta voracidade, não sobraria nada para seu famoso licor vendido na quermesse da igreja da matriz.
Mas o que eu mais gostava era quando a noite caía. Sentávamos no quintal para ouvir tia Margarida ler um livro (eu sempre pedia as Reinações de Narizinho) ou contar causos de terror. Eu deitava na rede com mamãe, aquela que ficava localizada ao lado dos bugarins.
A memória tem cheiro. E a minha cheirava a bugarins.
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Séries: As Matriarcas
quarta-feira, fevereiro 03, 2010
Saudade
30 de janeiro é o Dia da Saudade.
Do latim, solìtas, átis 'unidade, solidão, desamparo, retiro'; der. do lat. sólus, a, um 'só, solitário.
Essa palavrinha manhosa, tinhosa, cujo significado traz, para quem a sente, um pontinha de dor sem deixar de lado a lembrança do sorriso, do prazer só existe na Língua Portuguesa. Claro que existem expressões equivalentes em outros idiomas, mas sem a inteireza, sem a carga poética que empregamos pelas bandas de cá.
Assim a define o Houaiss:
“Sentimento mais ou menos melancólico de incompletude, ligado pela memória a situações de privação da presença de alguém ou de algo, de afastamento de um lugar ou de uma coisa, ou à ausência de certas experiências e determinados prazeres já vividos e considerados pela pessoa em causa como um bem desejável (freq. us. tb. no pl.)”.
Chega de Saudade
(Tom Jobim e Vinícius de Moraes)
Vai minha tristeza
E diz a ela que sem ela não pode ser
Diz-lhe numa prece
Que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer
Chega de saudade
A realidade é que sem ela
Não há paz não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim
Não sai de mim
Não sai
Mas, se ela voltar
Se ela voltar que coisa linda!
Que coisa louca!
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos
Que eu darei na sua boca
Dentro dos meus braços, os abraços
Hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim,
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio
De você viver sem mim
Não quero mais esse negócio
De você longe de mim
Vamos deixar esse negócio
De você viver sem mim
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terça-feira, janeiro 19, 2010
Por que não te calas... (1)
No Jornal da Band do último dia 31, o âncora Boris Casoy cometeu uma gafe pra lá de infeliz. Durante o programa, após as felicitações de Ano Novo de uma dupla de garis, o jornalista não percebeu que o microfone estava aberto e falou o que pensava:
"Que m****... dois lixeiros desejando felicidades... do alto de suas vassouras... dois lixeiros... o mais baixo da escala do trabalho..."
ISSO É UMA VERGONHA!
Para quem não sabe, esse é o bordão usado pelo jornalista para mostrar desaprovação com relação à postura de políticos corruptos e pessoas desprovidas de qualquer senso moral, ético ou qualquer uma dessas categorias em franco desuso.
Vergonha é perceber que por trás de toda a pompa e de uma suposta criticidade, o jornalista, formador de opinião, guardião dos valores civis não difere em nada daqueles que tanto reprova: preconceituoso, arrogante e elitista.
Deixa estar! Basta uma semana de greve da categoria "mais baixa da escala de trabalho" para que se dê conta que o lixo que ele e seus iguais produzem fede e emporcalha a bela vista que têm o privilégio de desfrutar.
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Retornando
Beijos,
Lu
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Nos dias que correm...
Nos dias que correm sabe bem ler e ouvir isto:
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Séries: I-pod, le cume des jours
segunda-feira, janeiro 18, 2010
As time goes by...
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Séries: le cume des jours
terça-feira, janeiro 05, 2010
give me the words that tell me nothing
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Séries: I-pod
quarta-feira, dezembro 23, 2009
Um Natal de muita paz
Poema de Natal Para isso fomos feitos: Vinícius de Moraes
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
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Feliz Natal
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Séries: le cume des jours
segunda-feira, dezembro 21, 2009
Again
Archive, Again
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Séries: I-pod, le cume des jours
domingo, dezembro 20, 2009
Technology
Carl Craig & Les siècles Orchestra, Technology
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Séries: I-pod
terça-feira, dezembro 01, 2009
sublinhado (75)
Posso dizer que foi um dos livros mais arrebatadores que li nos últimos anos. Uma completa e emocionante surpresa. Entra para o lote dos livros que falam intimamente como se estivessem a descobrir os nossos próprios segredos.
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Séries: sublinhado
We can all be free, maybe not with words
Cat Power, Maybe Not
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Séries: I-pod
sábado, novembro 28, 2009
sublinhado (74)
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Séries: sublinhado
sexta-feira, novembro 27, 2009
sublinhado (73)
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Séries: sublinhado
sexta-feira, outubro 23, 2009
Porque não haverá paz para aquele que ama
lugar II
Há sempre uma noite terrível para quem se despede
do esquecimento. Para quem sai,
ainda louco de sono, do meio
do silêncio. Uma noite
ingénua para quem canta.
Deslocada e abandonada noite onde o fogo se instalou
que varre as pedras da cabeça.
Que mexe na língua a cinza desprendida.
E alguém me pede: canta.
Alguém diz, tocando-me com seu livre delírio:
canta até te mudares em cão azul,
ou estrela electrocutada, ou em homem
nocturno. Eu penso
também que cantaria para além das portas até
raízes de chuva onde peixes
cor de vinho se alimentam
de raios, seixos límpidos.
Até à manhã orçando
pedúnculos e gotas ou teias que balançam
contra o hálito.
Até à noite que retumba sobre as pedreiras.
Canta - dizem em mim - até ficares
como um dia órfão contornado
por todos os estremecimentos.
E eu cantarei transformando-me em campo
de cinza transtornada.
Em dedicatória sangrenta.
Há em cada instante uma noite sacrificada
ao pavor e à alegria.
Embatente com suas morosas trevas.
Desde o princípio, uma onde que se abre
no corpo, degraus e degraus de uma onda.
E alaga as mãos que brilham e brilham.
Digo que amaria o interior da minha canção,
seus tubos de som quente e soturno.
Há uma roda de dedos no ar.
A língua flamejante.
Noite, uma inextinguível
inexprimível
noite. Uma noite máxima pelo pensamento.
Pela voz entre as águas tão verdes do sono.
Antiguidade que se transfigura, ladeada
por gestos ocupados no lume.
Pedem tanto a quem ama: pedem
o amor. Ainda pedem
a solidão e a loucura.
Dizem: dá-nos a tua canção que sai da sombra fria.
E eles querem dizer: tu darás a tua existência
ardida, a pura mortalidade.
Às mulheres amadas darei as pedras voantes,
uma a uma, os pára-
-raios abertíssimos da voz.
As raízes afogadas do nascimento. Darei o sono
onde um copo fala
fusiforme
batido pelos dedos. Pedem tudo aquilo em que respiro.
Dá-nos tua ardente e sombria transformação.
E eu darei cada uma das minhas semanas transparentes,
lentamente uma sobre a outra.
Quando se esclarecem as portas que rodam
para o lugar da noite tremendamente
clara. Noite de uma voz
humana. De uma acumulação
atrasada e sufocante.
Há sempre sempre uma ilusão abismada
numa noite, numa vida. Uma ilusão sobre o sono debaixo
do cruzamento do fogo.
Prodígio para as vozes de uma vida repentina.
E se aquele que ama dorme, as mulheres que ele ama
sentam-se e dizem:
ama-nos. E ele ama-as.
Desaperta uma veia, começa a delirar, vê
dentro de água os grandes pássaros e o céu habitado
pela vida quimérica das pedras.
Vê que os jasmins gritam nos galhos das chamas.
Ele arranca os dedos armados pelo fogo
e oferece-os à noite fabulosa.
Ilumina de tantos dedos
a cândida variedade das mulheres amadas.
E se ele acorda, então dizem-lhe
que durma e sonhe.
E ele morre e passa de um dia para outro.
Inspira os dias, leva os dias
para o meio da eternidade, e Deus ajuda
a amarga beleza desses dias.
Até que Deus é destruído pelo extremo exercício
da beleza.
Porque não haverá paz para aquele que ama.
Seu ofício é incendiar povoações, roubar
e matar,
e alegrar o mundo, e aterrorizar,
e queimar os lugares reticentes deste mundo.
Deve apagar todas as luzes da terra e, no meio
da noite aparecente,
votar a vida à interna fonte dos povos.
Deve instaurar o corpo e subi-lo,
lanço a lanço,
cantando leve e profundo.
Com as feridas.
Com todas as flores hipnotizadas.
Deve ser aéreo e implacável.
Sobre o sono envolvida pelas gotas
abaladas, no meio de espinhos, arrastando as primitivas
pedras. Sobre o interior
da respiração com sua massa
de apagadas estrelas. Noite alargada
e terrível terrível noite para uma voz
se libertar. Para uma voz dura,
uma voz somente. Uma vida expansiva e refluída.
Se pedem: canta, ele deve transformar-se no som.
E se as mulheres colocam os dedos sobre
a sua boca e dizem que seja como um violino penetrante,
ele não deve ser como o maior violino.
Ele será o único único violino
Porque nele começará a música dos violinos gerais
e acabará a inovação cantada.
Porque aquele que ama nasce e morre.
Vive nele o fim espalhado da terra.
Herberto Helder
Lugar (poema II)
Poesia Toda
Assírio & Alvim
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Séries: poemas
sábado, outubro 17, 2009
sublinhado (72)
in Jakob von Gunten, um diário (Relógio d'Água), Robert Walser
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Séries: sublinhado
quarta-feira, setembro 16, 2009
Confessionário
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Séries: confessionário
terça-feira, setembro 08, 2009
Um bocadinho de ufanismo...
Agência Brasil
Publicação: 07/09/2009 18:46
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