domingo, novembro 26, 2006

... porque mentira tem perna curta

Poderia ter sido uma tarde prosaica como prosaicos eram seus desejos: uma longa caminhada, uma passada pelo videoclube e, na volta, apanhar as frutas que se dão em oferta pelas avenidas arborizadas. Mas como a vida não cessa seus movimentos, o prosaísmo foi às favas.
Já perto de sua casa foi surpreendida por uma visão tão covarde quanto patética. Suas mãos gelaram, o suor tomou conto de seu corpo, a taquicardia e a náusea emergiram. Não pôde respirar. A única coisa quente que fluiu dela foram as lágrimas - apenas duas minúsculas gotas, contidas - ácido derretendo o ferro.
A visão só confirmou o que já sabia, mas teimava em não admitir porque tinha esperança.
Embora acreditasse no poder curativo do tempo, soube naquele instante que o esse mesmo tempo desconhece por completo o compasso de seus dias.

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