segunda-feira, setembro 22, 2008

Confessionário (53)

Meu Vítor,

Durante este fim de semana pensei tanto no que me liga a ti, no amor que nos une, na serenidade da certeza de saber-te meu, no que há de genuíno em deixar-se amar por alguém sem avarezas.
Há dias que não sei se desejo voltar ao estado anterior em que não tinha certeza de existir, em algum lugar deste Universo, uma alma afim... há dias, meu Vítor, que desejo novamente não sabê-lo, porque me pergunto que bem há em saber que ela existe, sim, mas vive distante a tantos mares, a tantas ausências sentidas, a tanta falta de abraço.
Tenho na memória guardada toda lembrança dos dias rápidos em que estivestes aqui, ao meu lado, ao alcance da mão. Retenho então em mim o abraço apertado, o olhar cúmplice, a face do reconhecimento, a felicidade de saber que sou par, que outros da minha espécie existem. Só suporto tamanha saudade e falta de afago porque há quem viva mil anos sem jamais experimentar aquilo que sentimos. Viveria toda uma eternidade novamente somente para desfrutar do nosso encontro.
Na concha das minhas mãos, entrego-te minha partilha, meu coração contrito e a minha esperança de vê-lo em melhores dias.
Meu Vítor, eis aqui a chave que abre os portões de Amboise. Toma-a.