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domingo, dezembro 10, 2006

Teorias amorosas (11)

- Volta pra mim!
- Não posso.
- Me perdoa!
- Você já está perdoado.
- Então volta pra mim!
- ...
- Você não me ama mais? É isso?
- Acho que ainda sobrou algum amor.
- Então por quê? Já sei, é vingança. Você quer me dar o troco, não é?
- Não, não é vingança.
- É o que, então?
- Paz, só paz.
- Eu não te entendo.
- Isso não me surpreende.
Encerra-se a série Teorias amorosas.

terça-feira, dezembro 05, 2006

Teorias amorosas (10)

“Prometo te querer
até o amor cair
doente, doente”.

Depois de colocar-me definitivamente para fora de sua vida, disse, comovida como o diabo, as seguintes palavras:
“Apesar da separação (tão desejada por ti), continuo amando-te. Não te envaideças por isso. O mérito é todo meu. Independente de ser ou não correspondida, vou amar-te até o fim, até o fim do meu amor”.
Parti. Estava livre, mas sentia-me estranhamente vazio.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Teorias amorosas (9)

- Alô.
- Susie?
- Quem é?
- Ulisses.
Após seis anos do mais absoluto silêncio, Ulisses resolveu aparecer. Assim simplesmente como se seis anos fossem seis dias.
- Susie?
- Oi.
- Estou na sua cidade.
- Ah, está?
- Sabia que me separei?
- Não, não sabia. Na verdade, eu nem sabia que você havia casado.
- Estou com saudades. Quero muito te ver, sair, conversar, tomar um vinho...
- Me comer... Tudo exatamente como antes, como se a última vez tivesse sido ontem, né?
Cinicamente, ele responde:
- Ai! Você não mudou nada. Continua cortante.
- Também você não mudou nada. Continua um cretino.

quinta-feira, outubro 26, 2006

Teorias amorosas (8)

Ele quis ver com os próprios olhos. Há menos de um mês atrás, ela andava se arrastando pela casa, chorando as mágoas, sentindo a sua falta e agora, soube pelos amigos em comum que andava em grandes noitadas.
- E é assim que você me ama?
- ‘Alguém’ me ensinou a máxima: vai doer, mas depois passa. Passou.
- Tempo rápido o teu, hein?
- Não culpe o tempo. Ele não mitiga nada. Não é atenuante. Seu único mérito é deslocar o foco da nossa dor. E quer saber? Vá à merda.
- Que ridículo. Depois de velha, ficou obscena.
- Obsceno é o abandono. E velha é a tua mãe.

Teorias amorosas (7)

Ela nervosa: “Você disse que me amava, caralho”.
Ele impassível: “Exatamente”.
Ela histérica: “Exatamente o quê?”.
Ele mais impassível ainda: “Amava. Não amo mais”.

Teorias amorosas (6)

Vivia pelos cantos, amuado, murcho, na defensiva. Era refratário ao mundo ao seu redor. Dormia muito, tanto que já não era capaz de distinguir os dias.
Tentei contato:
- Que tal uma caminhada?
- Não tenho vontade.
- Já sei. Vamos sair, chamamos os amigos, tomamos uma cerveja.
- Vai você.
- Eu vou, mas e você?
Deu com os ombros.
- Esse teu silêncio é o que me mata.
De repente, num estalar de dedos, ele veio de braços abertos em minha direção. Ele sempre agia assim quando lhe faltavam argumentos, tão patético. Esquivei-me dos seus tentáculos. Seu abraço não iria mais abafar o grito:
- Do que você tem medo? Seja qual for o problema, eu não vou te abandonar!
- Talvez eu queira ser abandonado.
Talvez eu queira ser abandonado. Talvez eu queira ser abandonado. Isso ecoava nos meus ouvidos numa avalanche de sinonímia: “cai fora”, “eu não te quero mais”, “acabou”. Foi o que ele disse sem dizer. E se não foi, também não se retratou.

terça-feira, outubro 17, 2006

Teorias amorosas (5)

Todas as suas coisas couberam numa pequena valise e ainda assim sobrou espaço.
Passaram o dia mudos, evitando olhares, os mesmos cômodos. Um grande mal-estar tomou conta, a certeza do inconveniente, mas era 31 de dezembro e não dava mais para cancelar a ceia caríssima que haviam pago há dois meses atrás.
Então vieram a noite, as luzes, o brilho, o champanhe e os fogos. Dez minutos ininterruptos de fogos.
Melancólica, encostou a cabeça no ombro dele. Ficaram assim por um momento e depois foram embora.
Ele abriu a porta do carro. Ela pegou a valise e antes de despedir-se, observou:
- Sabe, olhando aqueles fogos, a explosão... acho que finalmente compreendi a nossa história.
- Sei. Breve, mas linda?
- Não. Muito barulho por nada.

terça-feira, setembro 26, 2006

Teorias Amorosas (4)

Fodeu-me a noite inteira, sussurrando delícias e indecências entre dentes. Ofereceu-me, inclusive o Paraíso que aceitei sem hesitar.
Na manhã seguinte, jogou-me num beco escuro e sem saída. Na plaqueta de identificação lia-se: Jardim do Éden.

Teorias Amorosas (3)

Antes de sair, ele beija-lhe a testa:
- Feliz aniversário.
Ela sorrindo:
- Não demoro. Nos vemos logo mais.
À tardinha, ela volta com o vestido novo e vê o envelope sobre a cama.
“No começo dói, mas vai passar.”

Teorias Amorosas (2)

- O amor pode até acabar. É claro que isso não é bom, é triste, exige uma reeducação, um aprendizado de asas partidas.
- ...
- O que não pode nem deve acabar é a delicadeza do tempo, de tempos vividos.
- ...
- Garçon, um frisante.
- ?
- Brindarei às bolhas.
- O que tem elas?
- São como o fim do amor. Sentimos uma leve cócega ao final do gole que é para nos lembrar que não estamos de todo mortos.

Teorias Amorosas (1)

- Eu sempre acreditei que o amor era um objeto cortante...
- Como assim?
- Ao menor descuido perfura nosso coração.