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segunda-feira, agosto 11, 2008

VI

que segredos esconde
o pássaro da manhã
sobre aquela janela?

quarta-feira, agosto 06, 2008

V

uma vida igual
à mulher da somália

tal como canta a música

um deserto de carne
os pés em ferida

e de novo o viajante

o eterno viajante

que apaga o rasto de sangue
do ventre das dunas
como quem esconde o destino

sexta-feira, agosto 01, 2008

IV

o rádio toca

e a estrada em fuga
reflecte o que já sabemos:

no vapor do alcatrão

entre o negro do solo
e o azul do céu

há mortos que vivem
e vivos que se esforçam
por morrer

e nada disso importa

porque a eternidade
nasce no segundo cruel

onde a ínfima partícula da alma
se faz verdade

quinta-feira, julho 31, 2008

III

tudo parece uma rota indefinida

não existem mapas

e as estrelas
não funcionam como dantes

um viajante
que vive a modos
do entardecer

na certeza de que o sol
morre todos os dias

II

não há fantasia
nas horas que separam
o vivo do morto

apenas gumes
facas e bifaces afiados

dentes de tubarão

e um abdómen rompido
onde nem a dor transborda

segunda-feira, julho 28, 2008

I

entra pela mesma porta

pousa a cabeça na soleira de granito
e espera que o sonho chegue

há um degrau sobre o corpo
e um farol no horizonte

nas mãos crescem-lhe estátuas
de homens que nunca viu
músculos assimétricos
cabelos violentos

há um anjo vermelho
que tece uma manta de celofane

e há um outro
que embrulha um coração