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terça-feira, janeiro 19, 2010

Nos dias que correm...

Nos dias que correm sabe bem ler e ouvir isto:


SVR: Are you and Lou Reed still together? How's that working?
Anderson: Well, you know, when you fall in love with someone, that's how it's working.



Lou Reed & Laurie Anderson, I'll be your mirror

segunda-feira, janeiro 18, 2010

As time goes by...

O Sincronicidade nasceu há quatro anos e eu não dei fé do tempo passar. Muita coisa mudou desde o primeiro post, mas o essencial permanece intocável: a celebração da amizade entre duas pessoas que se admiram e respeitam. Um beijo, minha Lu. Até breve...

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Feliz Natal

Merry Christmas, Shi Jinsong

Se há coisa que me faz feliz no Natal é a capacidade que esta festa tem de agregar as pessoas e torná-las generosas. É com um grande sorriso que vos desejo a todos um Natal muito feliz! Bem hajam!

Um beijo muito querido e especial para a minha Luciana, que amo muito e de quem tenho muitas saudades. Há três anos, faltavam poucos dias para poder dar-te aquele abraço 'in loco', mas escuta, este que envio hoje é ainda mais forte e apertado apesar da distância. Um Natal muito feliz para ti, minha querida, e para toda a tua família, em especial para a tua mãe e para o João que lembro sempre com muito carinho.

segunda-feira, dezembro 21, 2009

Again

Life is a repetition. We just get more tired everytime we live same things over and over. Survivers are those, who even tired, try to see some beauty spot where is no beauty at all. That is only a question of uncondiciotional love for life, not a question of trust and hope.

Archive, Again

terça-feira, agosto 18, 2009

uma barragem a 300 km....


Conheço bem o meu país, já o visitei de norte a sul. Quando era criança entediavam-me os programas de férias dos meus pais. Planeavam viagens de carro intermináveis, os dias pareciam aumentar para o dobro de tanto quilómetro por estrada nacional. Para passar o tempo, eu e o meu irmão inventávamos jogos e brincadeiras que acabavam sempre numa espécie de luta livre no banco de trás do carro, até se esgotar a paciência da minha mãe que terminava tudo com dois berros e algumas palmadas. Ao olhar para trás agradeço-lhes cada um desses passeios e o banco de imagens que eles criaram nas nossas memórias. Tenho a certeza que o meu irmão também.

No último fim-de-semana aproveitei um presente de aniversário para descansar uns dias no nordeste transmontano. Não me lembrava de ter ido alguma vez a Miranda, aliás, achava que era uma das poucas regiões do país que eu não conhecia. Pelo caminho nada me fazia pensar o contrário. Tudo era novo (e maravilhoso diga-se). Desconhecia a cidade, a muralha, a ruína do castelo... nada existia na minha cabeça. No domingo de manhã desci até ao Douro para programar o passeio de barco. Muitos turistas espanhóis como era de se prever, mas insuficientes para abalar a minha boa disposição. Parei o carro junto à barragem. De repente, a minha memória fez saltar uma imagem como se fosse um polaroid: eu, o meu irmão e o meu pai a deambular por aquela exacta barragem! Soltaram-se polaroids uns atrás dos outros como quem desenrola um novelo. Eu tinha realmente estado naquele lugar, não sei com que idade, nem quando. O 'novo' era revisitação.

Fico a pensar... se achei o Douro Internacional magnífico, devo tê-lo sentido também em criança. Gozo da sorte de me surpreender com a novidade de um lugar duas vezes.

sexta-feira, julho 31, 2009

foi em 2007

Uma vez escrevi que tinha aberto a porta que iria mudar a minha vida. Foi em Janeiro de 2007, neste mesmo blogue. Passaram mais de dois anos e essa porta, uma porta real (não era de todo uma metáfora), continua aberta a todos os que por ela querem entrar ou que, de algum modo, se sentem convidados a fazê-lo.
Num final de tarde com pouco movimento, quando as tarefas se encontram concluídas e organizadas, abro as janelas do escritório e deixo-me levar pela melodia da cidade. Gosto desta rua, do burburinho das pessoas, dos gritos das gaivotas, dos ensaios da estudante de violino duas casas acima, da kizomba da galeria africana, da happy hour dos estrangeiros no supermercado do senhor do Bangladesh. É bom trabalhar aqui.

terça-feira, março 10, 2009

Os bestializados

O que escrevo nada tem a ver com a o ensaio do historiador José Murilo de Carvalho. Antes fosse. Escrevo porque já não suporto mais guardar tanta dor e o esforço de gritar para dentro. Nestes dias, tudo pra mim lembra a tela de Munch. Aquele ser desfigurado, horrorizado, agonizante que, não podendo mais reter tanta dor em seu ser, grita.
Sempre imaginei quais demônios o atormentavam naquele momento em que os expulsou das entranhas ao soltar a voz. Qual dor ficou tão insustentável a ponto de se transformar em loucura?
A violência é hoje o meu maior demônio. Aquele que quero expelir de forma incisiva, aquele que não aguento mais esconder ou fingir que não existe. A violência extrapola os muros do que é considerado real – os jornais, as revistas, o noticiário de TV – e da própria historiografia. A violência está identificada na música, nas expressões artísticas e naquilo que é considerado fictício: cinema e literatura. Guernica, holocaustos, Meninos não choram, Milk, 174, Proibido Proibir, Cidade de Deus... a lista é extensa.
O que leva um pai, tio, padrasto – pessoas com o dever de proteger e cuidar – cometer tantas atrocidades contra suas crianças?
Já não sei mais diferenciar o que é doença e o que é simplesmente maldade. Porque se supõe que a pedofilia, por ser uma doença, representaria casos isolados que se mantem mais ou menos constantes nas estatísticas. Mas não é o que acontece. Muito pelo contrário, o quadro é desolador. Crescem os casos de abuso e violência. Vivemos uma quimera de que a era digital, tecnológica, o conhecimento ao alcance de mão, para ser mais exato, em um simples clique aprimorasse o intelecto e a consciência. Falácia! Estamos a cada dia mais bestializados.
Uma criança de 9 anos acabou de passar por um duplo trauma. Não bastasse ser violentada desde os 6 anos de idade, essa menina também foi submetida a um aborto. Que tipo de criatura é essa que além de destruir um corpo tão frágil ainda destrói a doçura e o sonho de uma criança? Ainda restou alguma esperança nela? Qual a noção de proteção que ela tem? Que tipo das relações ela construirá? Terá sobrado algum espaço para o afeto e a confiança?
Não bastasse o absurdo de tudo, ainda vem a Igreja com uma conversa sem pé nem cabeça sobre excomunhão!
Sou contra o aborto, mas sou ainda mais contra a estupidez. Que tipo de moral norteia uma conduta em que se excomunga a vítima e o algoz sai ileso?!
Mulheres, mães, acordem, por favor! Pesa sobre nós a responsabilidade de educar os filhos. Que tipo de pessoas estamos formando e lançando no mundo? Sempre me pareceu um disparate, um paradoxo, termos na sociedade contemporânea pensamentos machistas ainda tão profundamente arraigados. Qual é a parcela de contribuição do universo feminino em perpetuar tanta burrice e preconceitos? O que estamos ensinando aos nossos filhos? Ainda dizemos aos meninos que existem dois tipos de mulheres, as que servem para casar e as que não servem? Ainda usamos o velho argumento para as meninas que os irmãos podem fazer isso e aquilo pelo simples fato de serem homens? Que o homem promíscuo é um garanhão e a mulher é puta? Que eles podem dispor do nosso sexo como se fossem deles? No dia 8 de março, as mulheres bradam por liberdade e igualdade nas suas mais diferentes expressões, mas será que em casa ensinamos isso aos seus filhos? Será que ainda estimulam os garotos a iniciarem cedo sua vida sexual enquanto pregam a virgindade das meninas como se sexo não fosse responsabilidade de duas pessoas?
Os homens são educados por mulheres. As mesmas mulheres que sofreram anos por causa da repressão e de tantos espartilhos a lhe comprimirem o corpo e alma. Não seriam por isso mesmo mais sensíveis para perceberem o menor sinal de asfixia? Onde estão essas mães que não enxergam seus filhos, que não percebem o terror nos seus olhos, os hematomas no corpo, a apatia no gesto? Foram três anos de abuso e para onde estavam voltados os olhos dessa mulher?
Não estou aqui indicando culpados. Não faz sentido. Mas faz sentido refletir nossos padrões de comportamento e valores. Estamos deixando um legado de infelicidade e destroços. Estamos criando gerações e gerações de farrapos humanos, de deficientes emocionais.
Já é difícil ter que conviver com a violência institucionalizada, aquela que vem da rua, da miséria, do tráfico, mas ninguém deve ser obrigado a viver a violência da casa, do espaço das relações privadas e dos afetos.
Não tenho muito o que celebrar nesse 8 de março. Pra dizer a verdade, por vezes, tenho vergonha de dizer que sou ser humano. Os irracionais somos nós.

terça-feira, fevereiro 03, 2009

Pygmalion

Em Outubro de 2006 lembro-me de ter visto um cartaz na rua que anunciava um concerto da Patrícia Barber no Theatro Circo, em Braga. O teatro tinha sido remodelado não havia muito tempo e anunciava já a programação consistente que hoje conhecemos. Não seria de esperar outra coisa, o trabalho do Paulo Brandão já tinha produzido efeito em Famalicão. Mas voltemos à Patrícia Barber… assim que vi o cartaz dirigi-me à Fnac e comprei dois bilhetes. Pedi à pessoa que me atendeu um envelope para oferecer de presente. No mesmo dia, depois do jantar, fui buscar o envelope e resolvi fazer uma surpresa a uma pessoa muito especial. Ainda hoje não consigo expressar o que senti depois da reacção. Talvez a expressão ‘balde de água fria’ não chegue para caracterizar o meu estado de espírito. Apercebi-me que tinha sido inconveniente, despropositado e egoísta. Falou-me da falta de senso em comprar bilhetes para aquele dia, uma vez que no fim-de-semana em questão estaria indisponível com a preparação de um compromisso que teria no inicio da semana e que, todavia, Patrícia Barber não lhe dizia grande coisa. Era um gosto meu, uma vontade minha... e que teria sido conveniente da minha parte uma consulta em relação à proposta de programa. Eu voltei a guardar os bilhetes no envelope. Pensei, do Porto a Braga demoro meia hora, mais hora e meia para o concerto e outra meia hora para o regresso. Roubar-lhe-ia cerca de duas horas e meia, no máximo três horas, durante todo o fim-de-semana! Engoli em seco e no dia previsto fui ver o concerto com um amigo a quem ofereci o outro bilhete. O que me ficou do concerto ficou descrito aqui.
Ultimamente tenho escutado vezes sem conta uma das músicas do álbum Mythologies que a Patricia Barber apresentou nesse concerto. Chama-se Pygmalion. Na altura, juntamente com ‘If I Were Blue’, foi uma das canções que mais me tocou. Entrou-me no ouvido de um modo sensitivo, como qualquer coisa que nos toca a pele muito levemente. A melodia parecia-me tão íntima e limpa que os pormenores da composição e sobretudo o poema passaram completamente despercebidos. Hoje, quando a escuto, sinto no peso de cada palavra e de cada verso a profecia que na altura não soube compreender. O amor cega… no meu caso ensurdece.
unrequited love
is what I know of love
spellbound
I will stay
imagination may be for fools
imagination may be cruel
to be kind
at the end of the day

Pygmalion, Patricia Barber

quarta-feira, janeiro 28, 2009

falar pelo olhar de um cão

'Perro semihundido', 1819-1823, Museu do Prado, Madrid, Francisco Goya



Ninguém escapa às intermitências da vida. De modos mais ou menos hábeis contornamos sempre os acontecimentos por mais profundos e dolorosos que possam parecer.
Há meses que não sinto vontade de escrever. Pior! Há meses que não tenho nada para dizer. Tenho reflectido sobre a minha mudez… que verdade seja dita, não passa apenas pela escrita. É literalmente uma mudez verbal e social. A vida tirou-me o meu pai em Agosto. A minha avó em Janeiro. Silenciou-me. Calou-me. Emudeceu-me. Tudo o que me esforcei por acreditar durante anos ruiu. Deixou de fazer sentido. Não sei nada sobre a existência. Mas eu achava que sabia (!), este blogue é testemunho vivo das minhas presumíveis verdades.
Não é uma queixa ou um lamento que deixo neste texto. Não, não é nada disso! Não tolero os meus lamentos como não tolero os lamentos dos outros. Ganhei aversão a gente queixosa. Sinto pena e remorso de todas as situações em que me vesti de vítima. Chego a ter ódio à forma dramática como vivi alguns episódios da minha vida. Cortei relações com grande parte dos poetas. Acho-os insuportáveis. É ridícula a extravagância das palavras e mais ridícula a forma imponderada da sua utilização. Deviam sentir a dor de um martelo de chumbo a bater-lhes nos dedos antes de escreverem a mais inócua das vogais.
Garanto-vos, este texto não é um lamento. Também não é um grito. É pura e simplesmente um atestado de ignorância. A constatação de que nada sei sobre a condição humana. Nos escombros das minhas certezas existe apenas uma que me esforço por não deixar ruir – a certeza de que acredito no amor. Repito-o diariamente com toda a convicção. Se não o fizer, e usando palavras que não são minhas, ‘incorro no maior dos pecados’. Estaria, por opção, a sobreviver no lugar de viver. Talvez seja por isso que não sinto pecado no cão do Goya. Há uma candura naquele colocar de focinho que determina esperança, como se para lá do fogo e do breu existisse uma luz tão pura e tão verdadeira que proibi-la ou rejeitá-la não seria digno de perdão. O cão do Goya não me parece nada preocupado em perceber o sentido da vida, no entanto, o seu olhar, diz-me que sabe tudo.

sexta-feira, janeiro 09, 2009

Cínico Optimista

Passaram dez anos desde que li este texto pela primeira vez. Na altura, não sei se prestei atenção suficiente ao conteúdo, mas a impressão geral que tinha do livro e que permaneceu na minha memória era francamente positiva. É sem dúvida um texto carregado de esperança, bom para qualquer aluno que inicia um percurso académico com paixão. O entusiasmo sai sublinhado depois da leitura.
Hoje, e porque me lembrei que no Távora talvez encontrasse uma referência que necessitava, reli-o. No fim de o ler (para dentro) disse à Ana: ‘deixa lá ler-te isto’. E li-o novamente em voz alta. Após a leitura ficou um silêncio um pouco constrangedor no escritório. Perguntei-lhe…’que dizes disto?’. Ela respondeu… ‘é bíblico’… silêncio no escritório novamente. ‘Lê outra vez este parágrafo’ disse-me apontando-o no livro.
Para além da sua preparação especializada - e porque ele é homem antes de arquitecto - que ele procure conhecer não apenas os problemas dos seus mais directos colaboradores, mas os do homem em geral. Que a par de um intenso e necessário especialismo ele coloque um profundo e indispensável humanismo. Que seja assim o arquitecto - homem entre os homens - organizador do espaço - criador de felicidade.
Houve silêncio novamente. Pensei para comigo, e muito de lá de dentro, 'que raio de filha putice nos fez a vida que nos transformou nesta estirpe de cínicos optimistas? Foda-se! Eu queria acreditar nesta merda com o mesmo entusiasmo, a mesma naturalidade, a mesma identificação que senti quando o li há 10 anos atrás e não consigo!'

Sobre a posição do arquitecto
Quereríamos agora, e como epílogo, escrever algumas curtas palavras sobre a posição do arquitecto. Evidentemente que não é ele o único responsável pelo que acontece no espaço organizado, mas atendendo à importância de que a sua posição se reveste nesta matéria não nos parece que estas palavras últimas possam ser despropositadas.
Tal como é, tal o homem organiza o seu espaço; a um indivíduo e a uma sociedade em equilíbrio correspondem um espaço harmónico; a um indivíduo e a uma sociedade em desequilíbrio corresponde a desarmonia do espaço organizado. A forma criada pelo homem é prolongamento dele - com as suas qualidades e com os seus defeitos.
Todo o homem cria formas, todo o homem organiza o espaço e se as formas são condicionadas pela circunstância, elas criam igualmente circunstância, ou ainda, a organização do espaço sendo condicionada é também condicionante.
O arquitecto, pela sua profissão, é por excelência um criador de formas, um organizador do espaço; mas as formas que cria, os espaços que organiza, mantendo relações com a circunstância, criam circunstância e havendo na acção do arquitecto possibilidade de escolher, possibilidade de selecção, há fatalmente drama.
Porque cria circunstância - positiva ou negativa - a sua acção pode ser benéfica ou maléfica e daí que as suas decisões não possam ser tomadas com leviandade ou em face de uma visão parcial dos problemas ou por atitude egoísta de pura e simples satisfação pessoal. Antes de arquitecto, o arquitecto é homem, e homem que utiliza a sua profissão como um instrumento em benefício dos outros homens, da sociedade a que pertence.
Porque é homem e porque a sua acção não é fatalmente determinada, ele deve procurar criar aquelas formas que melhor serviço possam prestar quer à sociedade quer ao seu semelhante, e para tal a sua acção implicará, para além do drama da escolha, um sentido, um alvo, um desejo permanente de servir.
Os seus campos de actividade são múltiplos - porque múltiplas são as facetas do espaço organizado. Projecta e realiza edifícios, dedica-se ao planeamento do território a escalas várias, desenha mobiliário.
Para ele, porém, projectar, planear, desenhar, devem significar apenas encontrar a forma justa, a forma correcta, a forma que realiza com eficiência e beleza a síntese entre o necessário e o possível, tendo em atenção que essa forma vai ter uma vida, vai constituir circunstância.
Sendo assim, projectar, planear, desenhar, não deverão traduzir-se para o arquitecto na criação de formas vazias de sentido, impostas por capricho da moda ou por capricho de qualquer outra natureza. As formas que ele criará deverão resultar, antes, de um equilíbrio sábio entre a sua visão pessoal e a circunstância que o envolve e para tanto deverá ele conhecê-la intensamente, tão intensamente que conhecer e ser se confundem.
E da circunstância deverá ele contrariar os aspectos negativos e valorizar os aspectos positivos, o que significa, afinal, educar e colaborar. E colaborará e educará também com a sua obra realizada.
A sua posição será, portanto, de permanente aluno e de permanente educador; como tal saberá ouvir, considerar, escolher - e também castigar.
Não se suponha ele o demiurgo, o único, o génio do espaço organizado - outros participam também na organização do espaço. Há que atendê-los e colaborar com eles na obra comum.
Para além da sua preparação especializada - e porque ele é homem antes de arquitecto - que ele procure conhecer não apenas os problemas dos seus mais directos colaboradores, mas os do homem em geral. Que a par de um intenso e necessário especialismo ele coloque um profundo e indispensável humanismo.
Que seja assim o arquitecto - homem entre os homens - organizador do espaço - criador de felicidade.

Da Organização do Espaço (FAUP Publicações), Fernando Távora

é o que é

Hoje li um texto de um amigo no qual ele se perguntava sobre a volatilidade das relações humanas. Notei-lhe uma nostalgia no discurso, como se por períodos de tempo tivesse criado um laço extremamente forte com alguém e hoje, apesar do carinho e da memória (daí a nostalgia), essa mesma pessoa pura e simplesmente não existisse na sua vida.
A única coisa que me ocorreu dizer-lhe foi que a vida é tal e qual uma peça de teatro. Existe o palco e existem os actores. Existe cena e cenário que se sucedem repetidamente. Existem todos os tipos de registo, do cómico ao trágico, do sádico ao hedonista. Os actores vão entrando e saindo de cena. Alguns deles persistem dumas para outras, avançam acto após acto, outros entram por segundos e saem imediatamente do quadro, mas só um permanece naquela peça em específico. Esse um sou eu, é ele, é cada um de nós na sua respectiva peça… até ao dia em que o electricista resolva apagar as luzes do palco e a acção passe a ser outra coisa qualquer que não cabe nesta metáfora.
Não há nostalgia, é pura e simplesmente a mecânica da vida.

terça-feira, agosto 12, 2008

no seguimento do post anterior: beatriz (é música e poema)

'Beatriz' de Edu Lobo e Chico Buarque

na versão de Maria João e Mário Laginha

quinta-feira, julho 31, 2008

where is my love?

terça-feira, julho 22, 2008

a estrada

há músicas que fazem parte da nossa vida. guardam momentos, pontuam situações que escrevem o livro das memórias. ao ouvi-las vamos criando o nosso filme. cena após cena, assistimos à construção daquilo que somos e deixamos uma porta aberta para o que poderemos ser... pelo menos é o que acontece nos bons filmes. esta música acompanha-me repetidamente, ciclicamente. mostra-me a estrada que percorri e dá-me a paz que necessito para continuar o caminho. ficará aqui até ao dia em que eu saiba que direcção seguir.


sábado, abril 26, 2008

Pagando as dívidas...

Há algum tempo que aceno com a possibilidade de escrever um texto sobre o filme Piaf, mas nunca o fiz. As razões são muitas, mas a mais pungente é que toda vez que arrisquei rabiscar qualquer coisa, impressão, emoção, achava o texto muito aquém daquilo que foi despertado em mim.
Dessa vez também não será diferente. Há muito compreendi os caprichos da palavra: às vezes, ela é poderosa e indiscutível; outras, ela é impotente, incapaz de traduzir o arrepio na pele, a lágrima vertida.
Foi aí que constatei que Piaf se assemelha muito com a palavra: misteriosa, reveladora, ininteligível, contida, soberba, efusiva, elegante, ordinária, controversa, resumida. Piaf era tudo isso e muito mais.
Piaf era previsível. Sim, pre-vi-sí-vel. Dificilmente alguém com seu histórico de vida não perpetuaria as marcas da dor, as mazelas da infância, a crueldade das experiências, a amargura do abandono. Era preciso ser supra-humano para passar incólume por tudo isso. E Piaf era só humana... humana como eu ou como você. É por isso que sua trajetória nos encanta tanto. Sua e outras tantas histórias demasiadamente humanas. São essas histórias que nos marcam, porque criam laços, identidades, nos faz pertencer ao mesmo clã, ao mesmo pó. Somente as experiências afins são comunicadas com tanta delicadeza e força.
Clark Kent, Peter Park, Bruce Wayne e demais heróis distraem-nos daquilo que somos; modificam o foco, a perspectiva da nossa condição, despertam desejos de ser o que jamais seremos. São sonhos, entretenimento, utopia. E não estou dizendo que sejam dispensáveis. Não são. A vida sem esses elementos seria insuportável. Precisamos alimentar quimeras pra conseguirmos agüentar a brutal realidade de sermos apenas quem somos.
Foi por isso demorei tanto a escrever sobre os sentimentos que o filme despertou em mim. Custei a entender que tanta semelhança embaçava o brilho do sonho.
E há momentos na vida em que o que se quer é ser mulher-gato, bela adormecida, mulher maravilha, qualquer coisa que nos faça esquecer, ainda que por momentos breves, que somos Piaf, Stephen Biko, Camille Claudel, Dorothy Parker, Virgínia Woolf, enfim, pessoas que assumiram sua condição e viveram suas experiências baseadas na realidade que as cercavam.
Piaf, para além da cantora maravilhosa, intensa; para além da voz refinada e marcante, era só Piaf, por isso, inesquecível.

sexta-feira, março 21, 2008

Quando criança, eu via todos os episódios. Eu me pergunto o porquê dessa tietagem. Nunca fui fã de desenhos japoneses, não sou amante de corridas de carro, mas eu era absolutamente fascinada pelo Speed Racer. O Corredor X? Santo Deus, eu era apaixonada por ele! Sonhava com o dia que em veria o rosto por trás da máscara. Óbvio, isso nunca ocorreu.
Agora sinto a mesma excitação da infância. Estou louca para ver como ficou o filme transportado para a telona do cinema.
Para quem gosta, vale a pena conferir:

Mach 5
Mach 5
Corredor XSpeed Racer
Corredor X/ Rex Racer e Speed Racer

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Re: SOCORRO

Bem, parece que já consegui por isto novamente a funcionar... falta adicionar uns links apenas, não tardarão a aparecer. Ainda bem que fizeste esta revolução Lu, andava há bastante tempo para adaptar o nosso template às novas funcionalidades do Blogger mas sempre que tentava dava-me uma preguiça imensa... portanto, não te preocupes, o 'delete' veio em boa hora... até já!

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

SOCORRO

Vítor, não me mate!
Tome um lexotan e somente após isso acesse o blog... porque eu eu eu, assim, como posso dizer... fiz uma merda sem precedentes. Apaguei o layout por engano.
Glup!!!

quarta-feira, novembro 14, 2007

Por que o ser humano, às vezes, é tão cruel?

A pergunta acima não pretende alcançar respostas socio-políticas ou de qualquer outra natureza. Ela é mais "refrão" de indignação até porque não acredito em nenhuma resposta que me convença ou minimize a dor das pessoas envolvidas.
O que eu acho triste mesmo é a empáfia com que o Homem se diz superior a toda a natureza ao seu redor, o modo como se vangloria da sua inteligência, mas foi estúpido o suficiente para acreditar no maior conto da carochinha jamais inventado: o da cor da pele.
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Shooting Dogs, 2006.
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Hotel Rwanda, 2004.

segunda-feira, novembro 05, 2007

'para ouvir ... e ver'

uma amiga enviou-me este vídeo, como ela bem dizia no e-mail, para ouvir... e ver:


In the Mausoleum, Beirut