terça-feira, maio 15, 2007

Confessionário (45)

Meu Vítor,
Hoje eu não te falarei a respeito do consaço e do desânimo que solapam minha esperança e fatigam meus ossos, nem muito menos falarei da incompreensão acerca da vida e de seus (des)propósitos... dei-me por vencida, querido, pois no momento em que penso ter entendido as contingências é nesse mesmo instante que dou-me conta da minha ignorância.
Então, vou te falar sobre magia, sobre uma criança audaz, voando num dragão veloz; sobre uma história encantada, dessas que lemos em livros infantis e que estão povoadas de elfos, espadas, coragem, aventuras e de um nobre objetivo.
Era uma vez um menino igual a tantos outros. Ele queria ser super herói, ter grandes poderes, viajar de sua casa para a minha num dragão valente e cruzar os céus em grande velocidade. Quando estivesse bem alto, me colocaria na garupa e rodopiaria em bravas acrobacias. Depois dessa diversão, aí me ensinaria a lutar com uma espada para enfrentarmos, juntos, grandes batalhas.
Ele falou-me de reis e eu sentia-me Sancho Panza, fiel escudeiro de D. Quixote. Deu-me um cavalo, armadura e ensinou-me a língua das fadas. Imaginei-me uma mistura de Morgana e Joana D'arc ou então um cruzamento de She-Ha com cinderela.
Fiquei tão empolgada com sua imaginação e narrativa, meu Vítor, que devo confessar: foi difícil encarar o mundo dos automóveis e da tecnologia. Mas antes de voltar, tive direito a beijo gostoso e uma soneca abraçadinha ao meu cavaleiro encantado.
Não há desânimo que não sucumba a uma boa história e um excelente rapsodo.
Beijos, meu querido.

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