A comunicação ou a falta dela parece-me o paradigma desta exposição. Circula-se em torno destas figurinhas simpáticas e apercebemo-nos imediatamente que fazemos parte de um grande absurdo. Algo bem real e presente de forma vincada no quotidiano. No fundo a instalação nada ironiza, bem pelo contrário. O ponto de reflexão que ela coloca ultrapassa o grau de ironia pura e simplista e talvez seja a tirada cínica mais interessante que me deparei nos últimos tempos: não há 'blá-blá' que resulte, não há palavra que permaneça, tudo é tão gritado e inaudível, que não nos resta outra opção se não o riso, a boa gargalhada universal. A capacidade de percebermos que o desperdício energético dispensado nas nossas pequenas assembleias (em tudo idênticas às dos chinesinhos de Muñoz) se remata com o riso. O mesmo riso que se está nas tintas para a discussão do sexo dos anjos ou para a relatividade das opiniões e das verdades. É quase certo o não acaso do diálogo entre duas das figuras numa das salas do museu (onde se diz coisa nenhuma) ou o facto de no átrio outras duas estarem suspensas pela língua. Há um bom e velho ditado que diz que pela boca morre o peixe!
Já agora, alguém reparou nos punhais colocados atrás dos corrimões?
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