terça-feira, agosto 18, 2009

uma barragem a 300 km....


Conheço bem o meu país, já o visitei de norte a sul. Quando era criança entediavam-me os programas de férias dos meus pais. Planeavam viagens de carro intermináveis, os dias pareciam aumentar para o dobro de tanto quilómetro por estrada nacional. Para passar o tempo, eu e o meu irmão inventávamos jogos e brincadeiras que acabavam sempre numa espécie de luta livre no banco de trás do carro, até se esgotar a paciência da minha mãe que terminava tudo com dois berros e algumas palmadas. Ao olhar para trás agradeço-lhes cada um desses passeios e o banco de imagens que eles criaram nas nossas memórias. Tenho a certeza que o meu irmão também.

No último fim-de-semana aproveitei um presente de aniversário para descansar uns dias no nordeste transmontano. Não me lembrava de ter ido alguma vez a Miranda, aliás, achava que era uma das poucas regiões do país que eu não conhecia. Pelo caminho nada me fazia pensar o contrário. Tudo era novo (e maravilhoso diga-se). Desconhecia a cidade, a muralha, a ruína do castelo... nada existia na minha cabeça. No domingo de manhã desci até ao Douro para programar o passeio de barco. Muitos turistas espanhóis como era de se prever, mas insuficientes para abalar a minha boa disposição. Parei o carro junto à barragem. De repente, a minha memória fez saltar uma imagem como se fosse um polaroid: eu, o meu irmão e o meu pai a deambular por aquela exacta barragem! Soltaram-se polaroids uns atrás dos outros como quem desenrola um novelo. Eu tinha realmente estado naquele lugar, não sei com que idade, nem quando. O 'novo' era revisitação.

Fico a pensar... se achei o Douro Internacional magnífico, devo tê-lo sentido também em criança. Gozo da sorte de me surpreender com a novidade de um lugar duas vezes.

1 comentário:

Luciana Melo disse...

Meu Vítor, acabo de chegar de Salvador e espero em breve fazer-te um relato de tudo que vi e senti nos últimos dias. Tanto aprendizado, meu querido.
Saudades tuas imensas e uma felicidade transbordante por tê-lo mais presente, contando da maneira tão particular que tens sobre memórias que fazem que tu és.
Amor,
Tua Lu

Minha Lia, sabes que também te amamos, não sabes? Pluralizo a pessoal porque sei que este também é o sentimento do Vítor.