Lázaro. Foi esta a palavra que ela grafou em alto relevo sobre minha pele, como o arranhão de uma fera. O nome queimava na minha superfície,e ra um braseiro vivo, um vulcão cuspindo lavas. Não importava o que ou o quanto fizesse, nada aplacaria a ardência.
Foi então que os sonhos começaram a visitar-me todas as noites, assiduamente. Eles contavam-me sobre ela de maneira enigmática e fragmentada. Era um jogo, um puzzle.
Depois os sonhos cessaram e a ardência cedeu, a pele cicatrizou e de repente uma nova descamação. A pele ressequida foi saindo e mais uma vez surgiram os olhos súplices. Eles revelaram o segredo da palavra.
Disse-me que vivia em mim já a algum tempo. Seu embrião, latente, esperava pelo momento certo de fazer-se presente. E exatamente no seu aniversário de um ano, ela abriu os olhos pela primeira vez, esticou pernas e braços procurando ajustar-se à minha forma.
Como Lázaro, ela ressuscitou.
A quantos fora dada uma segunda chance? Uma nova vida? Nascer e nascer?
Esqueceram apenas de me perguntar se eu queria, se eu estava disposta a ter dois corações a bater e, conseqüentemente, a se dilacerarem.
2 comentários:
permita que ela possa viver com dois corações
Sim, que ela viva sempre com esses dois corações pulando juntos em unissono...
Enviar um comentário