segunda-feira, julho 28, 2008

Confessionário (52)

Meu Vítor,
Não conheço ninguém melhor para responder-te do que Drummond. Então, aproprio-me das palavras desse moço de Itabira.

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade. "Ausência" in Alguma Poesia.

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