segunda-feira, novembro 13, 2006

Patricia Barber

Há algum tempo que não vivia um verdadeiro concerto de Jazz, daqueles que nos remetem para o conforto de casa ou das casas daqueles que gostamos muito; íntimos, suaves, tranquilos, que durante uma hora e pouco nos fazem esquecer que estamos dentro de uma sala de espectáculos rodeados de gente que não conhecemos de lado nenhum. Patricia Barber convidou-me chez elle. Entrou no palco, descalçou as botas, deu um gole no copo de uísque pousado no chão (repetiu a coisa uma ou duas vezes mais, mas a falta ou o excesso de gelo deve ter tornado o conteúdo imbebível) e soltou a sua voz macia, quente, segura. Fez questão de deixar brilhar os músicos que a acompanhavam, todos eles absolutamente fantásticos. Entrou em jogos cúmplices com eles, fez-nos testemunhas dos diálogos entre o piano e a guitarra, dos murmúrios soletrados pela voz e pelo contrabaixo… fotografou-os (literalmente) como quem fotografa a família em reuniões íntimas e achou que também nós, o público, éramos dignos de fazer parte do álbum. Agradeço-lhe ‘Pygmalion’ do recente ‘Mythologies’, que me deixou de pelos eriçados durante muito tempo após a música ter terminado e a mais bela versão de ‘Autumn Leaves’ que ouvi até hoje.

If I were blue (Verse), Patricia Barber

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