Vivia pelos cantos, amuado, murcho, na defensiva. Era refratário ao mundo ao seu redor. Dormia muito, tanto que já não era capaz de distinguir os dias.
Tentei contato:
- Que tal uma caminhada?
- Não tenho vontade.
- Já sei. Vamos sair, chamamos os amigos, tomamos uma cerveja.
- Vai você.
- Eu vou, mas e você?
Deu com os ombros.
- Esse teu silêncio é o que me mata.
De repente, num estalar de dedos, ele veio de braços abertos em minha direção. Ele sempre agia assim quando lhe faltavam argumentos, tão patético. Esquivei-me dos seus tentáculos. Seu abraço não iria mais abafar o grito:
- Do que você tem medo? Seja qual for o problema, eu não vou te abandonar!
- Talvez eu queira ser abandonado.
Talvez eu queira ser abandonado. Talvez eu queira ser abandonado. Isso ecoava nos meus ouvidos numa avalanche de sinonímia: “cai fora”, “eu não te quero mais”, “acabou”. Foi o que ele disse sem dizer. E se não foi, também não se retratou.
Tentei contato:
- Que tal uma caminhada?
- Não tenho vontade.
- Já sei. Vamos sair, chamamos os amigos, tomamos uma cerveja.
- Vai você.
- Eu vou, mas e você?
Deu com os ombros.
- Esse teu silêncio é o que me mata.
De repente, num estalar de dedos, ele veio de braços abertos em minha direção. Ele sempre agia assim quando lhe faltavam argumentos, tão patético. Esquivei-me dos seus tentáculos. Seu abraço não iria mais abafar o grito:
- Do que você tem medo? Seja qual for o problema, eu não vou te abandonar!
- Talvez eu queira ser abandonado.
Talvez eu queira ser abandonado. Talvez eu queira ser abandonado. Isso ecoava nos meus ouvidos numa avalanche de sinonímia: “cai fora”, “eu não te quero mais”, “acabou”. Foi o que ele disse sem dizer. E se não foi, também não se retratou.
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