sexta-feira, junho 15, 2007

Mesmo que você fuja de mim
Por labirintos e alçapões
Saiba que os poetas como os cegos
Podem ver na escuridão.
(Choro Bandido, Chico Buarque e Edu Lobo)

Há tempos não me encanto tanto com um filme... tenho visto muito cinema, alguns bons filmes, outros nem tanto, outros ainda absolutamente desnecessários, uma total perda de tempo e desperdício de talento.
Mas Guillermo Del Toro em seu O Labirinto do Fauno conseguiu unir cinema com um belíssimo roteiro, imagem e palavra num casamento harmonioso e brutalmente delicado.
Na minha leitura leiga, pude identificar um pouco de Proust em sua busca do tempo perdido, outro tanto do poder encantatório de Sherazade e um bocado da historiografia dos regimes ditatoriais.
A dor e o sofrimento estão para a "realidade" assim como o mágico está para a ficção. E a vida oscila entre o sonho e a opressão; o real e o mágico; a morte e a redenção, ou seja, um jogo de constante catarse.
A ficção representada no realismo fantástico não simboliza em momento algum um fuga ou escapismo da realidade, mas sim uma forma de suportar as misérias humanas.
O conto de fadas que conduz a narrativa representa um mundo (dentre muitos) de possibilidades de se acreditar no cotidiano pétreo; é um caminho possível de manter a fé na transformação da vida.

3 comentários:

Vítor Leal Barros disse...

estive para ver esse filme várias vezes, mas não sei porque carga d'água, nunca o fiz...
vou ver se encontro o dvd, porque nos cinemas já é tarde demais

Luciana Melo disse...

Acho que não te arrependerás, meu amigo.
P.S.: A propósito, eu vi Babel e puxa, no words.

Sandman of the Endless disse...

Fiquei apenas na leitura das críticas de ambos os filmes... Mas, meus amigos, não é nada que não se possa remediar, ok? ;P