terça-feira, julho 25, 2006

Confessionário (26)

Um grande amigo disse-me: ele não te pediu nada.
Não, ele não pediu e nem precisava. Continuaria a fazer tudo da mesma forma se sentisse que valeria a pena. Não vale.
Não me arrependo. Não sou miserável. Dar não gasta, não me descaracteriza. A propósito, o amor vai pro sumidouro do mundo, um lugar enorme, um depósito de energia que se re-alimenta.
Não foi em vão. Apesar do saldo negativo, não foi em vão.
Há pessoas que sempre encontrarão motivos para não dar certo, para justificarem sua infelicidade... mas eu, eu não sinto culpa.
Uma outra amiga abraçou-me forte e disse-me: você é boa demais. Sei o que quis dizer, mas eu tenho esse escape, sabe? Quando atravesso desertos, invariavelmente, me transformo na minha melhor piada.
Disparei: toda pessoa boa possui uma falha de caráter imperdoável – não tem instinto de autopreservação.
Rimos juntas e entre uma lágrima e um sorriso, lembrei-me de ti.
Há quanto tempo nos conhecemos, Vítor?
Eu não sei... eu só sei que você sempre esteve presente. Soube quando o cheiro de cappuccino invadiu minha vida, do vento levando-o embora e trazendo o aroma de flores velhas.
É bom ter alguém por perto que segure nossa mão, em silêncio, enquanto esperamos uma nova estação.

1 comentário:

Vítor Leal Barros disse...

"Disparei: toda pessoa boa possui uma falha de caráter imperdoável – não tem instinto de autopreservação."

É... por vezes esquecem-se do EGO, e é ele que nos permite sobreviver...

mas não te arrependas de ser assim...um beijo