segunda-feira, janeiro 15, 2007

As matriarcas (2)

- Desfaz esse bico, Tiziu! Anda, diga, o que você faz em São Pedro?
- Eu ajudo meu pai.
- E o que seu pai faz?
- Ele é ferreiro. Conserta as carroças e bicicletas de todo o povoado.
- Parece divertido.
Ele deu de ombros.
- E a escola?
- O que tem?
- Como o que tem? Você estuda, não estuda, Tiziu?
- Estudo, mas não gosto muito. Eu gosto mesmo é de correr por aí no meu cavalo.
- Uma coisa não impede a outra
Mudou de assunto:
- A dona é parente do Nhô Agenor?
- Não.
- Então o que veio fazer aqui?
- Uma pesquisa.
- Não entendi.
- Quero saber sobre algumas pessoas que viveram aqui.
- A dona é da polícia?
Não pude evitar o riso. Sua pergunta continha tanta excitação e aventura.
- Não, Tiziu. Eu conto histórias e elas viram livros.
- Ah! – exclamou todo frustrado.
Minha vez de mudar de assunto:
- Tiziu, será que seu pai me aluga uma bicicleta? Acho que vou precisar de uma.
- Claro. Depois eu levo a senhora lá na oficina para escolher uma bem bonita.
- Ótimo.
- Chegamos.
A pensão do Agenor era um casarão estilo colonial, antigo, mas bem conservado. Móveis rústicos, toalhas de linho, portas pesadas, assoalho brilhando e um cheiro forte de óleo de peroba.
- Vou pegar suas malas.
- Obrigada.
Agora que eu já recuara no tempo, deveria ir até o fim. Sabia que não se tratava de uma história qualquer.

2 comentários:

Vítor Leal Barros disse...

continuo atento

Dinamene disse...

E aqui à Lu, direi o mesmo, «continuo atento».