quarta-feira, fevereiro 14, 2007

a história que te conto (4)

terá sido no peito que
guardei o teu cheiro? terá
ele atingido proporções
de nenúfar como na história
de boris? é que há horas
em que o peito me rebenta
incomensuravelmente e
eu vivo uma espécie de
morte maravilhosa, como
se o fim que ela carrega
anunciasse o renascimento
do universo através de mim.
e se um dia partires será
pelo nariz que perseguirei
o teu corpo. serei parente
do cão cego de saint-jean
(lembras-te?) reconstruirei
a tua carne na minha como
ele reconstruía a cidade
inspirando as cores de cada
esquina, de cada estátua.
o meu amor não teme a
distância do teu corpo nem
a saudade dos teus beijos
ou dos teus abraços, teme a
impossibilidade do teu cheiro.

1 comentário:

Agripina Roxo disse...

muito bonito vítor, muito bonito mesmo :)
as tuas palavras fazem-me sorrir por dentro, há um calorzinho bom que me toma os sentidos :)
um beijinho grande *