quarta-feira, janeiro 17, 2007

a história que te conto (1)

a história que te conto
não tem o lume branco
do poema, nem a água
turva do mar alto, existe.
como se reais fossem os
sonhos que alimentam
o desejo de querer-me,
querendo-te. não falarei
de amor. não falarei de
mágoa nem de saudade
nem da curva que se ergue
sobre o teu pescoço onde
descanso todas as noites.
dir-te-ei que se partir, tu
saberás como e para onde
vou, saberás que estarei
onde sempre me achaste;
porque não se pode ser
duas vezes. não se pode
amar duas vezes quando
deus nos lava as mãos
com fogo. estarei lá, enfim,
no monte dos ascetas. o
mesmo de onde vieste,
de onde vim, de onde
viemos todos. sem medo,
pagarei com a alma e com
o corpo a solidão e o desejo
que não soubemos guardar.

4 comentários:

Luciana Melo disse...

Sabe, meu Vítor, às vezes acho que essa transparência toda, essa liquidez é que nos arrasa. O que nos alimenta e o que nos mata é o mesmo.

sónia VIEIRA disse...

amo este vosso cantinho.
e sei do que falam.
como se fosse preciso esgotar essa fonte que alimenta as bolsas dessa líquidez que se formam à vossa volta.

Beijos, meus lindos

Lu disse...

Tão bom recebê-la aqui, Sônia.
Beijão

Dinamene disse...

Estou aguardando mais assim, Vítor.