quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Confessionário (10)

Tenho para mim que os sentimentos verdadeiros, assim como as verdadeiras emoções e o verdadeiro talento são atemporais, não respeitam nem possuem a lógica abstracta do tempo, são absolutamente independentes. O seu real valor é incalculável, é impossível de medir. Não entra o factor ‘opinião’ na sua avaliação, quantificá-los, medi-los, postulá-los são rótulos demasiadamente redutores que anulam por completo a sua grandeza e verdade essencial. É como se de repente nos fosse pedido que avaliássemos ou postulássemos sobre a Biblioteca Laurenziana, ou sobre o baú deixado pelo Fernando Pessoa… não tenho dúvidas que o resultado ficaria aquém da milésima parte da sua grandeza e verdadeira dimensão. Muitos tentaram enquadrar, definir, quantificar… uma série de acções mecânicas sem qualquer significado… tudo em vão. É impossível medir a verdade, minha amiga! É impossível pesá-la, discuti-la ou quantificá-la… ela é de outra ordem e de outra natureza, é uma matéria mais próxima dos deuses do que dos homens. Só um coração livre poderá sentir o seu valor, porque só num coração livre ela faz algum sentido. O resto é uma perda de tempo ao qual devemos dar a proporção certa: matéria estéril sem qualquer importância.

1 comentário:

Lu disse...

Sim, é impossível, Vítor. E graças a Deus! É tão melhor sentir do que se perder em registros numéricos!
Beijos saudosos