Disse-vos que devíamos matar as palavras, pedi até um sacrifício para que o fizéssemos. Não há mais o que escrever, o que dizer. Não há. O tempo esgotou-nos o vocabulário no dia em que aceitámos viver sem pesar o caminho do Sol, no mesmo dia em que acenámos o último adeus à alvorada e ao entardecer.
As Palavras não existem mais, não como a roldana do mundo… não como a roldana do mundo! Morreram quando a terra caiu sobre o olhar manso de Hölderlin, quando o vento apagou de Lisboa os passos de Pessoa. As Palavras morreram no dia em que o diabo lançou tempestades sobre o deserto e impediu o mundo de sentir o cheiro ácido do suor de Rimbaud. O poema morreu com elas.
Órfãos de beleza, chamamos Palavra à tira de celofane com que envolvemos o coração. E vendemo-lo depois, higienizado, com o nome de poema. Não há Palavras desde que eliminámos o hálito da terra. Não há Palavras desde que os fumos das fábricas e dos automóveis abafaram o perfume da chuva. Não há Palavras desde que deixámos de acreditar em pactos de sangue. Sem Palavras ficámos e de palavras vamos vivendo, até ao dia em que, de novo, a Ceifeira cante.
As Palavras não existem mais, não como a roldana do mundo… não como a roldana do mundo! Morreram quando a terra caiu sobre o olhar manso de Hölderlin, quando o vento apagou de Lisboa os passos de Pessoa. As Palavras morreram no dia em que o diabo lançou tempestades sobre o deserto e impediu o mundo de sentir o cheiro ácido do suor de Rimbaud. O poema morreu com elas.
Órfãos de beleza, chamamos Palavra à tira de celofane com que envolvemos o coração. E vendemo-lo depois, higienizado, com o nome de poema. Não há Palavras desde que eliminámos o hálito da terra. Não há Palavras desde que os fumos das fábricas e dos automóveis abafaram o perfume da chuva. Não há Palavras desde que deixámos de acreditar em pactos de sangue. Sem Palavras ficámos e de palavras vamos vivendo, até ao dia em que, de novo, a Ceifeira cante.
4 comentários:
Não há palavras para vencer a incredulidade sobre as durezas que o tempo exerce. O cruel esgota a Palavra em torno à mesa de que precisamos alimento. Nenhuma Palavra a porvir.
Abraço, poeta. Forte, este teu texto.
Olá, Vítor.
Venho a despropósito para dizer que roubei o vosso modelo de "footer". Hope you don't mind.
Mais a propósito: muito boa esta celebração crepuscular das palavras a partir do que nelas já não pode vingar senão como simulacro
paulo... na boa... essa coisa da exclusividade dos templates é algo que me faz um pouco de confusão...
sucesso para o novo blogue...e "Mãos na Terra" hehehe
um abraço
luís, ando a ver se escrevo um espécie de "anti-poema"... a tentar inverter o processo... a ver se consigo.... há Palavras e palavras...
um abraço
lia, não me esqueci de ti, e um pouco na lógica do que disse ao Luís e muito resumidamente, o que estes textos têm dito não é mais do que a existência do poema (no seu mais elevado significado) livre ou libertado das e pelas palavras. no dia em que o luís não precisar as palavras (e digo o luís porque foi ele que colocou isso em hipótese) ele não terá necessidade de ler os meus textos... terá percebido no íntimo da sua alma onde mora o poema.
eu sei que este meu raciocínio é controverso... mas está a dar-me muito gozo...
um beijo na alma
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