Um pouco no seguimento de um comentário que a
Sandra fez há dias num
post, onde eu dizia divertir-me com as coisas que escrevo olhando-as a uma certa distância, cá vão três textos, escritos entre Maio e Junho deste ano, que eu não me arrependo de ter escrito:
este,
este e mais
este.
4 comentários:
Há palavras, Vítor - como as suas -que recuperam o cheiro e a visibilidade fantasmática das coisas alquímicas das Palavras. Tudo foi dito para ainda vir a ser dito, pois ao longo do Tempo é a expressão crente e ousada da intimidade de alguns que potencia, sobre as coisas e as pessoas do mundo, a Palavra que (não) está para vir. Recuperando a ideia da obra de Agamben ["La comunità che viene"] e a ideia do blog Incomunidade, a Palavra que (não) vem tal como a (in)comunidade que (não) vem.
Em última análise, a Utopia é a Palavra que não vem, porque não tem de vir. A Palavra que existe, sim, mas no "não-lugar". Existe para impelir, para provocar a espera, para redireccionar exílios e inquietar as memórias, para sermos (di-lo bem Carlos de Sousa Almeida - autor do Legendas e Etc e outros blogs) "lugares de passagem", recriadores da possibilidade da impossibilidade. E, ainda que fiquemos tantas vezes inconformados com a inacessibilidade da coisas concretas que achamos utópicas, importa que nos sintamos reconciliados porque alcançamos o Sentido essencial e invisível do inacessível. Repare, na realidade se a Utopia fosse feita de uma estrutura concreta, não seria Utopia. O essencial é percebermos que o que nos faltará sempre é aquilo que efectivamente não queremos que aconteça objectivamente: a Utopia. Por isso nos falta o que em simultâneo, uma vez reconciliados, não nos falta. Sabemos que algo existe algures em lugar nenhum, para que nos movamos e nada seja estático, nem sequer as palavras que já foram tantas vezes ditas e reditas. A Palavra Utopia será sempre a dita Palavra; (não) dita. E, sempre - em potência, em líquida suspensão, em embrião – apenas Sentida. O que já é tanto, Vítor, talvez tudo o que possamos almejar alcançar e que devemos, onde quer que seja e como quer que seja, não desistir de projectar.
Os seus textos, Vítor, provocam-me utopias.
Muito Obrigada.
Há uma Sincronia, Vítor, sabemos que há, que une os Tempos Todos.
Sandra, muito obrigado pelo comentário...fico contente por aquilo que escrevo fazer algum sentido para os outros e não exclusivamente para mim.
Ainda a propósito do despertar ou não utopias, não sei se apelidaria as coisas da mesma maneira, mas percebi perfeitamente o sentido que lhe deu: o que em concreto almejamos não é mais do que essa carga Essencial que tão bem descreveu (“importa que nos sintamos reconciliados porque alcançamos o Sentido essencial e invisível do inacessível”), lugar esse que perseguimos porque sabemos que só aí encontraremos qualquer coisa parecida com a Verdade (e Verdade neste sentido, quase platónico, é o mesmo que dizer Amor).
Tenho pensado muito em começar uma nova série de poemas. Seriam poemas apenas com uma ou duas palavras… acho que por vezes dizer:
Magnólia
Ar
Margarida
Doença
Canavial
Mar
Tesão
Medo
Paixão
É suficiente para fazer nos fazer pular a alma.
Tu escreves, sempre, muito bem, Vitor, e com sensibilidade.
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