quinta-feira, novembro 09, 2006

ora cá vão três textos que não me arrependo de ter escrito:

Um pouco no seguimento de um comentário que a Sandra fez há dias num post, onde eu dizia divertir-me com as coisas que escrevo olhando-as a uma certa distância, cá vão três textos, escritos entre Maio e Junho deste ano, que eu não me arrependo de ter escrito: este, este e mais este.

4 comentários:

Sandra Costa disse...

Há palavras, Vítor - como as suas -que recuperam o cheiro e a visibilidade fantasmática das coisas alquímicas das Palavras. Tudo foi dito para ainda vir a ser dito, pois ao longo do Tempo é a expressão crente e ousada da intimidade de alguns que potencia, sobre as coisas e as pessoas do mundo, a Palavra que (não) está para vir. Recuperando a ideia da obra de Agamben ["La comunità che viene"] e a ideia do blog Incomunidade, a Palavra que (não) vem tal como a (in)comunidade que (não) vem.
Em última análise, a Utopia é a Palavra que não vem, porque não tem de vir. A Palavra que existe, sim, mas no "não-lugar". Existe para impelir, para provocar a espera, para redireccionar exílios e inquietar as memórias, para sermos (di-lo bem Carlos de Sousa Almeida - autor do Legendas e Etc e outros blogs) "lugares de passagem", recriadores da possibilidade da impossibilidade. E, ainda que fiquemos tantas vezes inconformados com a inacessibilidade da coisas concretas que achamos utópicas, importa que nos sintamos reconciliados porque alcançamos o Sentido essencial e invisível do inacessível. Repare, na realidade se a Utopia fosse feita de uma estrutura concreta, não seria Utopia. O essencial é percebermos que o que nos faltará sempre é aquilo que efectivamente não queremos que aconteça objectivamente: a Utopia. Por isso nos falta o que em simultâneo, uma vez reconciliados, não nos falta. Sabemos que algo existe algures em lugar nenhum, para que nos movamos e nada seja estático, nem sequer as palavras que já foram tantas vezes ditas e reditas. A Palavra Utopia será sempre a dita Palavra; (não) dita. E, sempre - em potência, em líquida suspensão, em embrião – apenas Sentida. O que já é tanto, Vítor, talvez tudo o que possamos almejar alcançar e que devemos, onde quer que seja e como quer que seja, não desistir de projectar.

Os seus textos, Vítor, provocam-me utopias.
Muito Obrigada.

Sandra Costa disse...

Há uma Sincronia, Vítor, sabemos que há, que une os Tempos Todos.

Vítor Leal Barros disse...

Sandra, muito obrigado pelo comentário...fico contente por aquilo que escrevo fazer algum sentido para os outros e não exclusivamente para mim.

Ainda a propósito do despertar ou não utopias, não sei se apelidaria as coisas da mesma maneira, mas percebi perfeitamente o sentido que lhe deu: o que em concreto almejamos não é mais do que essa carga Essencial que tão bem descreveu (“importa que nos sintamos reconciliados porque alcançamos o Sentido essencial e invisível do inacessível”), lugar esse que perseguimos porque sabemos que só aí encontraremos qualquer coisa parecida com a Verdade (e Verdade neste sentido, quase platónico, é o mesmo que dizer Amor).

Tenho pensado muito em começar uma nova série de poemas. Seriam poemas apenas com uma ou duas palavras… acho que por vezes dizer:

Magnólia

Ar

Margarida

Doença

Canavial

Mar

Tesão

Medo

Paixão

É suficiente para fazer nos fazer pular a alma.

frosado disse...

Tu escreves, sempre, muito bem, Vitor, e com sensibilidade.