segunda-feira, abril 24, 2006

preconceitos à parte...

Um dia, houve alguém que me disse que achava a obra literária de Jorge Sena (poética e não poética) um verdadeiro tédio (para não usar um termo mais pejorativo). Não sei se os motivos que fundamentaram essa opinião incidiam sobre a obra, ou sobre a personalidade do autor. Provavelmente pelas duas razões. O certo é que essa opinião influenciou-me, e criou em mim um preconceito em relação à obra de Sena. Pus de lado os poemas e arrumei na estante a ficção (as perto de seiscentas páginas de “Sinais de Fogo” são desencorajadoras!)
Há poucos dias, quando terminava a leitura das memórias de Yourcenar, esse título, “Sinais de Fogo”, surgiu-me na cabeça como leitura a iniciar. Confesso que me senti traído pela intuição; normalmente os livros que me convidam a ser lidos, são aqueles cujas referências dadas foram boas. Preconceitos à parte, resolvi iniciar a leitura. Bastou o primeiro capítulo para me apaixonar completamente pela obra. A curiosidade pela poesia de Sena voltou com essa leitura. Conclusão, tenho a dizer que, quem me deu as piores referências sobre a obra de Jorge de Sena, nunca o leu, ou é, na melhor das hipóteses, um valente idiota.

4 comentários:

João Villalobos disse...

Absolutamente de acordo! Mas espero que a história também tenha permitido aprender algo sobre não tomar por nossa o magister dixit tão habitual por parte de quem não leu, não viu, não ouviu...mas não gosta :)
P.S. Parabéns a este blogue pela banda sonora.

Vítor Leal Barros disse...

obrigado joão

Vítor Leal Barros disse...

e para concluir a conversa: por vezes andam por aí uns modismos que não se compreendem, enfim... ainda bem que da dita experiência tirei as conclusões que devia tirar, caso contrário e por essa ordem de ideias neste momento deveria ler Sebald ou Beckett muito em voga, e se possível evitar o Hesse que está tão fora de moda. (Ps. Proust e Goethe caem sempre bem) hehehehe

um abraço

João Villalobos disse...

Um abraço também. Quanto às leituras nunca em voga e caso não tenhas ainda lido, recomendo o «Directa» do Nuno Bragança, uma novela extraordinária pelo conceito, pela forma e pela linguagem. Hasta.