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Há um pessimismo latente no texto de Lipovetsky que me chateia. Aponta-se o dedo constantemente, mas raramente se vislumbra alguma solução. Acho que o panorama não é tão dramático, todas as sociedades possuíram e possuem os seus calcanhares de Aquiles e, apesar da miséria que assistimos diariamente, creio que nunca houve uma percentagem tão elevada da população com a qualidade de vida que este mundo narcísico e hedonista nos oferece... para provar o que estou a dizer basta recuarmos apenas 60 ou 70 anos, muito provavelmente estaríamos todos a plantar as batatas que não teríamos na sopa... não sei se seríamos mais ou menos felizes, sem dúvidas que seríamos diferentes, não sei se para melhor ou pior. E definitivamente, não teríamos a oportunidade de ler o Lipovetsky (a não ser que fôssemos filhos aristocratas, ou burgueses, da dita sociedade 'holista').
imagem de Olivier Roller
1 comentário:
Vítor, compreendo completamente tua análise sobre o referido autor... essa coisa blasé e decadente que já foi até uma estética bastante cultuada. Isso é mesmo chato, mas acredito que uma figura como Lipovetsky seja primordial para fazer o contraponto. Do mesmo jeito que não dá pra termos uma atitude meramente saudosista do passado, como se tudo antes fosse melhor, como se o tão aclamado progresso não houvesse trazido melhorias. Trouxe e isto é fato. Outrossim, não dá também para fecharmos os olhos para os efeitos perversos que a contemporaneidade apresenta: um individualismo selvagem beirando o egoísmo ou como dizem aqui no Brasil: "se a farinha é pouca, meu pirão primeiro."
O mundo anda mais insensível para certos aspectos, provado, penso eu, pela frieza dessa técnica apurada.
A saída? O tal caminho do meio, mas como é difícil, não é querido?
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