quinta-feira, janeiro 12, 2006

Confessionário (2)

“That’s not a diamond, it’s just a rock.”


E vamos carregando os dias de olhos fechados, tapados com vendas negras, como se ambicionássemos ser a metáfora da Justiça. Cegamo-nos a todo custo para que a vontade seja imparcial, para que o desejo não calque o limite da consciência. E nesse jogo pretenso-altruísta de que trilhamos o caminho certo, esquecemo-nos de quem nos pede um beijo ou um abraço diariamente e da recusa insensata repetida a cada pedido. Pior do que confundir o diamante com a pedra ordinária, é tê-lo no bolso e pensar que se o não tem. De olhos fechados vamos caminhando cegos, mas a Justiça não é filha de Deus.

5 comentários:

p disse...

Gostei de ser surpreendida por esta clareza de raciocínio. Às vezes as palavras dos outros dizem-nos mais que as nossas...

Dinamene disse...

Víctor, lembrei-me do início de "Os Miseráveis", de V. Hugo, em que Digne, o bispo, depois de receber à mesa Jean Valjean, ex-forçado, e de ser roubado por este, diz ao polícia: "Dei-lhos." (aos candelabros roubados). Impossibilitou assim que o ladrão tivesse o castigo "justo". O polícia, por sua vez, perseguirá toda a vida Jean. Quem fez a maior "aposta"?

Vítor Leal Barros disse...

lá está carlos... ;)

Vítor Leal Barros disse...

p. obrigado pela visita ;)

Lu disse...

Bonito isso, meu amigo.
Percebo que o 'presente' já está sendo bem utilizado :)

Sinto que a justiça e outros valores nobres assim se perdem porque esperamos que o divino se encarregue de tudo como se não tivéssemos nossa parcela de colaboração. A justiça precisa começar pelas mãos humanas.

E fazer justiça é diferente de ser o herói justiceiro.