Fra Angelico
Dúvidas apócrifas de Marianne Moore
Sempre evitei falar de mim,
falar-me. Quis falar de coisas.
Mas na seleção dessas coisas
não haverá um falar de mim?
Não haverá nesse pudor
de falar-me uma confissão,
uma indireta confissão,
pelo avesso, e sempre impudor?
A coisa de que se falar
até onde está pura ou impura?
Ou sempre se impõe, mesmo impura-
mente, a quem dela quer falar?
Como saber, se há tanta coisa
de que falar ou não falar?
E se o evitá-la, o não falar,
é forma de falar da coisa?
João Cabral de Mello Neto.
In Agrestes. Editora Nova Fronteira, 1985.
3 comentários:
este poema talvez signifique e descreva o que é o sincronicidade... acho que não é mais do que isso...
(que série é esta? :) hehehe
Eu também achei, Vítor. Por isso quis compartilhar.
Ah, estante é a nova série do nosso blog... tem relação com os livros que sempre volto à minha estante para reler.
Dois dos meus "Pês" de eleição: dois grandes Poetas.
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